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Mudança de acampamento não garante sossego a moradores do Santa Cândida
Manifestantes transferiram ontem barracas para terreno privado a 800 metros da sede da PF
Por Bem Paraná | Postado em: 18/04/2018 - 08:36

A mudança de local de alojamento dos manifestantes em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não convenceu os moradores mais críticos à ocupação, que durou nove dias. Após um acordo com a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná, os manifestantes levaram ontem barracas e cozinhas para um terreno privado, a cerca de 800 metros do prédio da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso desde o último sábado (7). A locação do terreno, entre as ruas Joaquim Nabuco e São João, no Tingui, é válida por 30 dias, podendo ser prorrogada. Os apoiadores de Lula devem dormir no novo espaço, mas os atos políticos estão mantidos nas proximidades da PF.

Alguns integrantes do grupo devem permanecer no local anterior para cuidar de equipamentos mantidos para dar estrutura à vigília. O acordo prevê a permanência de quatro tendas da organização, caixas de som, além de banheiros químicos que atendem aos cerca de 500 manifestantes que devem manter a movimentação diária. Um dos moradores contrários à permanência do ato, Nilson Ponwer, que mora há 15 anos na quadra onde está o prédio da Polícia Federal, afirmou que a principal reclamação dos moradores - o barulho - não deve acabar com a mudança. “É crítico. A gente não tem sossego. O dia inteiro com esse barulho. Isso não é agradável. (Com a retirada das barracas e lonas) pode mudar alguma coisinha. Mas acho que não vai mudar muito porque eles vão voltar de qualquer jeito”, lamenta o idoso. 

Nas ‘ruas de baixo’, as casas são mais simples e a mobilização pró-Lula encontra mais apoio entre os moradores, relatam os organizadores do acampamento, formado por movimentos da Frente Brasil Popular, mas de maioria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma das moradoras, que se identificou apenas como ‘Dona Rose’, mora em frente ao novo acampamento. Ela colocou uma placa anunciando a oferta de banho e uso de banheiro, com horários específicos de liberação ao longo do dia. A moradora também lavou roupas de integrantes do acampamento. No entanto, o apoio fez com que a moradora fizesse desafetos na vizinhança. “Quando eles (manifestantes) estavam lá (mais perto da PF) já estavam vindo tomar banho, porque eu gosto do Lula. Agora há pouco um rapaz estava dizendo que ia soltar bomba lá (no novo acampamento). Eu disse para ele que eu levava a polícia lá na casa dele. Tem gente ameaçando. Eu estava discutindo e meu filho disse: ‘mãe, você vai morrer de enfarte porque está defendendo o Lula’.  Nem que eu morra, mas vou defender”, sentencia a moradora, que cobra uma “ajuda de custo” de cada pessoa que utiliza a casa. 

A transferência do acampamento foi decidida em uma reunião entre a liderança dos movimentos, o governo do Estado e a prefeitura na manhã de segunda feira (16). Um termo assinado pelas partes proíbe a pernoite nas ruas próximas à sede da PF e prevê que os manifestantes usem áreas privadas para montarem acampamento ou uma área do Parque Atuba, cedido pela prefeitura. A organização da vigília ainda não descarta a utilização da área do parque, para atos em que são esperadas mais pessoas. Caso a detenção do ex-presidente Lula, para cumprimento de pena imposta pelo juiz Sérgio Moro, permaneça na sede da PF, um ato interestadual deve ocorrer na região no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador.

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