Um relatório de controle de viagens da Itaipu Binacional apontou que, em 2014, a empresa gastou R$ 8,8 milhões com diárias e passagens para funcionários e gestores da usina.
Mais de um terço dos recursos foram usados em viagens entre Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Curitiba, onde a usina mantém um escritório.
O levantamento foi divulgado pelo site Não Viu, do jornalista Vinícius Ferreira, e confirmado pela RPC.
Em 2014, de acordo com o relatório, 1.823 viagens foram feitas entre Foz do Iguaçu e Curitiba, principalmente por gestores e funcionários ligados à diretoria. Os gastos com as viagens para esse trecho somaram R$ 3,1 milhões.
Ainda conforme o relatório, o preço das passagens entre Foz e Curitiba variou entre R$ 600 e R$ 2,3 mil. Além do trecho, a usina bancou diárias para viagens internacionais. Foram 27 destinos diferentes em países da Europa, América e Ásia, naquele ano.
Atualmente, a Itaipu mantém um escritório em Curitiba e outro em Brasília. De acordo com um relatório de 2018, a usina possuía 222 funcionários na capital paranaense, onde o escritório funciona desde a década de 1980.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, disse nesta terça-feira (9) que está revisando contratos e convênios para o corte de gastos na gestão da usina.
Segundo ele, houve uma economia de 45% no orçamento do primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre as áreas que estão sendo revisadas, conforme o general, estão os gastos com diárias.
De acordo com o general, foi determinada a transferência de um centro de gravidade que funcionava em Curitiba para Foz do Iguaçu. Por este motivo, o escritório da capital paranaense deve funcionar com estrutura mais enxuta.
"Vai haver uma redução sim, mas como consequência, não como política de ter que vir para cá [Foz]. No dia em que houver uma necessidade, preciso de uma ação presencial. Então, não é o caso de receber diária para vir trabalhar em Foz do Iguaçu. Não tem sentido uma coisa dessas", disse.
Mesmo com a mudança, o diretor-geral diz que não tem o objetivo de fechar os escritórios de Curitiba e Brasília. De acordo com o general, a gestão da Itaipu não deve fazer uma auditoria nas contas de 2014 por conta de gastos com diárias.
"Não sei se é ético ficar levantando o tapete e ficar buscando coisas passadas. Serve como referencial, para nossa gente não cometer erro velho", comentou.
Unila e PTI
Outro caso que foi tema de discussão por parte da nova administração da usina é o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e a Universidade de Integração Latino Americana (Unila), que funciona desde 2009 em um campus improvisado dentro do PTI, segundo a Itaipu.
Para o diretor-geral Silva e Luna, a finalidade da Unila não foi alcançada pelos criadores da universidade. Ele comentou que estudos estão sendo feitos para finalizar prédios que estão em esqueletos.
Ainda de acordo com o general, essa é uma discussão que cabe ao Ministério da Educação, mas que preocupa a Itaipu.
Quanto ao PTI, Silva e Luna disse que o foco da produção do parque deve estar voltada para tecnologia de interesse da usina. "O que não estiver focado com a nossa missão, a ideia é que não prossiga", disse.
Imóveis de Itaipu
O general Silva e Luna disse que irá se desfazer de casas que são de propriedade da Itaipu até meados de 2020. De acordo com a usina, 1.023 imóveis serão alienados. As casas são usadas por entidades que possuem contrato de cessão de uso com a Itaipu.
Entre 1975 e 1978, a Itaipu construiu mais de 9 mil residências no Brasil e no Paraguai. Os imóveis serviram para obrigar operários que trabalharam na construção da usina. Parte das casas começaram a ser alienadas em 2004.
"No momento em que foram construídas as casas tinha a sua razão de existir. Esse tempo passou. A gente precisa ter a capacidade de entender que algums sistemas já cumpriram a sua finalidade", disse o diretor-geral.